Ivone Bengochea*
O ano de 1968, é sem dúvida alguma, um marco importante nas transformações dos costumes que caracterizam o século XX. Os acontecimentos que marcaram o mês de maio de 1968 foi a síntese de uma década em que os corações e as mentes de uma geração de jovens estavam plenos de um desejo: mudar o mundo. Havia um consenso de que as coisas precisavam ser mudadas e que as utopias eram realizáveis nas artes, nas escolas, nos sindicatos, nas universidades com a emergência de um mundo novo, mais justo e fraterno.Um mês de manifestações estudantis em várias partes do mundo, inclusive no Brasil., onde a cultura e a política foram viradas do avesso .Este mês de maio, do final da década de 60, foi o símbolo de uma rebelião para a cultura francesa, uma sociedade que se considerava distante das crises econômicas e institucionais de outros países, a França levou um susto no dia 3 de maio, daquele ano, quando os estudantes da universidade de Naterre realizaram manifestações contra o governo de Charles de Gaulle em Paris. Os cursos das universidades de Sorbone, como também os de Naterre são suspensos e, dois dias depois, os participantes de passeatas punidos com prisão.Em 13 de maio deste mesmo ano, acontece uma greve geral. Os trabalhadores, também insatisfeitos com a sua situação dão solidariedade aos estudantes e uma manifestação reúne 200 mil pessoas. Em contrapartida vem a represália e os policiais armados têm ordem para atacar as barricadas estudantis.O movimento estudantil que foi denominado Barricadas do Desejo causou também uma cisão na intelectualidade francesa. Há os que aderem ao movimento como Jean Paul Sartre, Michel Foucault, Giles Deleuze entre outros, surgindo o novo pensamento político que questiona a ordem vigente e se caracteriza por um forte teor revolucionário.Mas, 1968 não foi apenas um período conturbado para os franceses. A história registra manifestações em Londres, Tóquio, Cidade do México, Praga, Berkeley (nos Estados Unidos), Roma, Amsterdã, Rio de Janeiro e São Paulo. Com reivindicações diferenciadas porque cada país tinha uma situação peculiar no plano político. No Brasil, por exemplo, vive-se em pleno regime militar e especialmente os jovens começam a avaliar porque foram derrotados em 1964 com a quebra da ordem constitucional e a instalação de uma ditadura de direita no país. Há uma efervescência cultural em todos os campos, com manifestações nos festivais da canção, na produção teatral, nos diretórios acadêmicos e nas organizações sindicais e estudantis.São múltiplas as motivações que levaram o descontentamento dos jovens no mundo inteiro a realizarem passeatas , mas havia uma aspiração comum: a de que uma revolução poderia ser feita para emergir um novo homem e uma nova sociedade. Em alguns lugares pedia-se a morte do capitalismo para dar lugar ao socialismo. Em outros, lutava-se contra o socialismo autoritário e burocrata e buscava-se uma nova sociedade sem opressão. Porém, foi a França o grande palco revolucionário. As barricadas, que romanticamente chamou-se As Barricadas do Desejo expressavam-se em grafitis nas ruas de Paris onde se liam frases como estas: A Felicidade é uma idéia nova; O nosso modernismo não passa da modernização da política; Sob o calçamento, a praia; A palavra é um coquetel molotov; Revolução, eu te amo; Imaginação para a poesia ir às ruas; Contra a miséria sexual; A barricada fecha a rua mas abre o caminho; Sejamos realistas, que se peça o impossível.Sobre o tema, o filósofo Michel Onfray, um estudioso do movimento estudantil de maio de 1968, afirmou em entrevista à Folha de São Paulo, no dia 12 de dezembro de 1997:“Em 1968 ocorreu um rompimento filosófico, uma fratura metafísica em que a autoridade foi julgada e os homens puderam falar livremente, desafiando um meio filosófico reacionário e conservador, que considerava a Europa liberal e cristã a única via.”Hoje, anos depois, sabemos que a velha sociedade não pereceu, a imaginação, infelizmente, não chegou ao poder no mundo inteiro, a ditadura no Brasil durou 21 anos, a Primavera de Praga passou rápida, a nova sociedade não chegou a nascer, a democracia formal não conseguiu dar as mãos à democracia social.Porém, maio de 68 abriu uma fissura histórica, foi um acontecimento extraordinário, pois colocou sob suspeita uma sociedade que se considerava ao abrigo das grandes crises, colocou a fé no impossível. E, se não transformou a política e nem a economia a serviço de todos. No entanto, a vitória dos jovens foi no campo comportamental como o feminismo, a liberação sexual, o pacifismo, a ecologia.Mesmo com muito caminho a percorrer, o importante foi que se deu o primeiro passo. Na França, como no Brasil, não se trata de uma frase de efeito. “O ano de 1968, ainda não terminou.
Bibliografia:• CORBIN, Alan. La Barricade. Paris: Laurent, 1978;• LEFORT, Claude. Maio de 1968, a Brecha. São Paulo: Paz e Terra, 1976;• MARCUSE, Herbert. O Fim da Utopia. São Paulo: Civilização Brasileira, 1969;• MATTOS, Olgária. As Barricadas do Desejo. São Paulo: Brasiliense, 1981;• ONFRAY, Michel. Folha de São Paulo 12 dezembro de 1967. Página 13.
* Professora do ensino médio e universitário.
terça-feira, 16 de outubro de 2007
O ABRIGO DO DESCONHECIMENTO
O Abrigo do Desconhecimento
Daniel Nachtigall Bacci*
Como é cômodo não se envolver, como é melhor se esquivar da realidade, deste modo o problema não tem nada a ver comigo. A televisão faz sua parte, as novelas maquiam a sociedade e seus problemas do modo a manter a alienação de grande parcela da população. A alienação permeia todas classes sociais, os ricos em suas futilidades, e os pobres na cachaça preferem não saber o por que são o que são dentro da sociedade, o por quê atuam nestes papéis.
Os alienados fogem dos problemas "como o diabo da cruz", ou pior, desenvolveram uma cegueira social, uma deficiência moral que existe no nosso meio. O "faz de conta que não é comigo" me exime do problema.
A falta de consciência crítica nos coloca no mais baixo nível social em âmbito mundial, parece que se criou um "calo" neste campo de pensamento do brasileiro, escândalos políticos de corrupção são coisas normais, comuns, todos sabem que acontece, o para piorar, muitos estão somente esperando a oportunidade para também dar um "jeitinho" passando alguém ou o governo para trás e levar o seu dinheiro, o congresso nacional e o senado não são nada mais do que um espelho da sociedade corrupta, um bando de espertos eleitos por alienados que não sabem o papel que devem exercer.
Mas não é comigo, conseguí comprar um carro zero Km, ou estou bêbado pensando no meu time de futebol.
*Acadêmico do curso de Administracão da Faculdade São Judas Tadeu, aluno de Introducão à Filosofia.
Daniel Nachtigall Bacci*
Como é cômodo não se envolver, como é melhor se esquivar da realidade, deste modo o problema não tem nada a ver comigo. A televisão faz sua parte, as novelas maquiam a sociedade e seus problemas do modo a manter a alienação de grande parcela da população. A alienação permeia todas classes sociais, os ricos em suas futilidades, e os pobres na cachaça preferem não saber o por que são o que são dentro da sociedade, o por quê atuam nestes papéis.
Os alienados fogem dos problemas "como o diabo da cruz", ou pior, desenvolveram uma cegueira social, uma deficiência moral que existe no nosso meio. O "faz de conta que não é comigo" me exime do problema.
A falta de consciência crítica nos coloca no mais baixo nível social em âmbito mundial, parece que se criou um "calo" neste campo de pensamento do brasileiro, escândalos políticos de corrupção são coisas normais, comuns, todos sabem que acontece, o para piorar, muitos estão somente esperando a oportunidade para também dar um "jeitinho" passando alguém ou o governo para trás e levar o seu dinheiro, o congresso nacional e o senado não são nada mais do que um espelho da sociedade corrupta, um bando de espertos eleitos por alienados que não sabem o papel que devem exercer.
Mas não é comigo, conseguí comprar um carro zero Km, ou estou bêbado pensando no meu time de futebol.
*Acadêmico do curso de Administracão da Faculdade São Judas Tadeu, aluno de Introducão à Filosofia.
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